Já de volta ao Brasil, senti a necessidade de compartilhar algumas informações adicionais que captei ao longo dos oito dias em que permaneci na Venezuela.
1) A hiperinflação fez o papel moeda quase desaparecer. As transações são quase todas feitas com cartões. São poucos aqueles que têm coragem de manter uma moeda em mãos que se desvaloriza 4% ao dia;
2) Por outro lado, os aposentados e pessoas de baixa renda, que geralmente não operam com cartões no comércio, fazem filas enormes nos bancos para retirada de dinheiro em espécie;
3) Para fugir do efeito da hiperinflação, indústria e atacado fazem entregas parciais de carga ao varejo. Assim, faturam um pouco a cada semana. Esta estratégia é boa para quem entrega (atacado) e para quem revende (varejo). Ela minimiza efeitos da flutuação de preços para os dois lados. Não existem negócios a prazo. Tudo é pago à vista.
4) A população parece que se acostumou ao cenário de caos monetário, mas eu fiquei atordoado, devo confessar;
5) Para diferenciar de “novilhas” e “bezerros”, denominações dadas na bovinocultura para animais jovens, a criação de búfalos na Venezuela classifica a mesma categoria de bubalinos como “buvilha” e “buzerro”. Não é simpático?
6) A gerência do grupo agropecuário para o qual prestei consultoria ao longo destes dias, me presenteou com um livro recheado de dedicatórias assinadas por cada um dos gestores e executivos (veja foto). O gesto me deixou alegre e emocionado.
7) A agronomia é verdadeiramente a profissão da paz. Ao me identificar como engenheiro agrônomo em todas as vezes que fui parado pelos controles estatais venezuelanos, os semblantes se desanuviavam. Era um relax total. Ajudar a produzir alimentos interessa a qualquer corrente política, em qualquer lugar do mundo.
Agora sim, finalizo este diário.
Muito obrigado!