Estudos mostram como amenizar riscos de perdas do milho em período de estresse hídrico

Falta de chuvas foi o principal problema enfrentado durante safrinha de milho em 2018.

Os produtores de milho de Mato Grosso do Sul enfrentaram um ano considerado atípico, com ambiente mais quente, seco e com pouca chuva em diversas regiões do Estado. Houve queda de 25% na produção em relação a 2016/2017, segundo a Aprosoja/MS. Diante desse cenário, a Fundação MS testou diversos materiais e técnicas de cultivo que amenizam os riscos em épocas de estresse hídrico. As conclusões foram divulgadas nas Apresentações de Resultados de Pesquisas, realizadas ao longo do mês de novembro.

Foto: Divulgação

Uma das formas de mitigar os riscos é fazer o manejo da nutrição das plantas de forma correta, o que reflete nos efeitos da produtividade do milho. De acordo com o pesquisador de manejo e fertilidade do solo, Douglas Gitti, há uma série de produtos que contribuíram para suavizar os riscos. Para isso, estudos foram realizados em locais com condições de solo diferentes, como em Maracaju, que possui solo mais argiloso, e em Naviraí, com solo arenoso.

Gitti explica que a correção e a manutenção dos componentes químicos do solo podem auxiliar na preservação nutricional do milho em períodos de escassez de água. A escarificação do solo também pode contribuir para o sistema de produção, com melhores resultados para a soja, porém seus efeitos são efêmeros com o passar dos anos.

Outro ponto abordado pelo pesquisador é a inoculação das sementes com Azospirillum, uma bactéria considerada benéfica para a cultura e que ajuda a aumentar a produtividade do milho. “Esta é uma tecnologia validada pela Embrapa e difundida nas culturas da soja e do milho. Azospirillum tem a capacidade de produzir fitormônios que contribuem para um maior desenvolvimento do sistema radicular, isso permite que a planta explore maior volume de solo em períodos onde há falta de água”, afirma.

O pesquisador, da mesma forma, realizou uma análise sobre o uso de boro, micronutriente que pode contribuir no desenvolvimento das raízes, formação de grãos e conferir estabilidade a parede celular vegetal. “Sua aplicação em solos com teores médios, entre 0,31 e 0,49 mg/dm³, pode aumentar a produtividade do milho, principalmente em áreas com a presença de alumínio tóxico ao longo do perfil de solo”.

A escolha correta de híbrido também influenciou a produção. Com base nos resultados, o produtor pode fazer um comparativo de materiais que foram ou não eficientes e, assim, planejar a safrinha 2019. “A combinação de híbridos é fator fundamental para que o produtor tenha um bom desempenho de sua lavoura”, argumenta o pesquisador de fitotecnia milho da Fundação MS, André Lourenção.

Por meio de ensaios de populações de híbridos, é possível identificar a necessidade de se observar quais materiais respondem ou não ao aumento do número de plantas na área. Lourenção menciona que na safrinha deste ano, por conta do clima muito quente, alguns híbridos não alcançaram o potencial que apresentavam. “Temos híbridos com potenciais de mais de 200 sacos por hectare, por exemplo, mas o ambiente pode limitar um pouco esse número”, avalia.

Houve ainda alguns obstáculos no manejo do percevejo e da lagarta-do-cartucho durante o andamento da safrinha. A praga, que se reproduz com facilidade, podendo provocar perdas significativas na produtividade do milho e da soja, pode danificar as plantas e os grãos. O pesquisador de fitossanidade, José Fernando Grigolli, explica que foi analisada a eficácia de determinados produtos químicos para o controle dessa praga em condição de extrema seca.

Para isso, o pesquisador utilizou como base dois ensaios diferentes. Em um deles, ocorreu falta de chuva por 41 dias. Já em outro experimento, também havia seca, mas não de forma tão extrema como no primeiro caso. “Apesar de algumas diferenças, tínhamos ali duas situações semelhantes. O milho, em ambas ocasiões, estavam no mesmo estádio fenológico e havia a mesma pressão de pragas nas duas áreas”, explica.

Em todos os cenários observados, segundo o pesquisador, a aplicação de inseticidas em situação extrema de déficit hídrico resultou em baixa eficiência no controle das lagartas presentes nas lavouras. “Verificamos que, nessas condições, o ideal seria utilizar produtos do grupo químico das diamidas. No geral, são produtos com boa eficácia de controle da lagartas-do-cartucho, mas não são considerados os melhores para o controle dessa praga na cultura do milho, mas nessa situação, foram os que deram resultados mais satisfatórios e consistentes”, assegura.

Os resultados das pesquisas e as palestras em vídeo podem ser acessadas pelo Portal do Associado, www.associadofms.com.br, produzido pela equipe técnica da instituição para auxiliar produtores rurais, empresas agrícolas, consultores e estudantes. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (67) 3454-2631.

Fonte: Sato Comunicação

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