Mostra de Cinema Japonês no MIS evoca saudosismo pelas sessões no Cine Santa Helena

Mostra de Cinema Japonês no MIS – Foto: Karina Lima/FCMS

Campo Grande (MS) – Foi aberta na noite desta segunda-feira (11.06), no Museu da Imagem e do Som, a Mostra de Cinema Japonês, em homenagem aos 110 anos da imigração japonesa no Brasil. A Mostra desse ano homenageia o cineasta Akira Kurosawa, o mais representativo da sétima arte no Japão, com filmes de roteiros inacabados que ele deixou antes de morrer, e que foi finalizado por companheiros de sua equipe de filmagem.

Na abertura, o curador da Mostra, o engenheiro eletricista, cinéfilo e estudioso da história e cultura japonesas, Celso Higa, disse que as sessões no MIS relembram os filmes japoneses que passavam no Cine Santa Helena, às sextas-feiras, às 20h30, na década de 1950. “Desde 1956 eram passados filmes japoneses aqui em Campo Grande. Eram filmes que movimentavam toda a colônia japonesa no meio rural e na Capital também. Era feita toda uma propaganda boca-a-boca, os feirantes traziam seus produtos para comercializar no sábado e já vinham na sexta para o cinema. Os filmes de samurais eram o que eles mais gostavam, era o faroeste japonês. Essa reminiscência que nos traz os filmes veio para o MIS para relembrarmos essa época”.

Celso Higa, curador da Mostra – Foto: Karina Lima/FCMS

O filme da abertura, “A Última Espada”, de Yojiro Takita, é um filme de samurai do gênero “chambara”, que seria o bang-bang japonês. “Foi premiado no Japão em 2003, mas não teve tanta visibilidade porque no mesmo ano foi lançado ‘O Último Samurai’”. Passa-se na Era Meiji no Japão, período em que os poucos samurais remanescentes foram forçados a escolher lados e lutar ou pelo imperador ou pelo Shogun.

O filme agradou aos cinéfilos presentes na abertura, apaixonados por cinema japonês. É o caso do professor aposentado de Economia Política, Sebastião Ricardo Lima de Oliveira, que adora o cinema japonês “pelos temas, pela direção muito sensível e delicada”. “Tenho simpatia pela cultura oriental, a espiritualidade eles. Acho que já vivi no Japão em outra vida, já fiz regressão e me falaram”.

Sebastião Ricardo Lima de Oliveira – Foto: Karina Lima/FCMS

Sebastião é frequentador do museu desde que era na frente da Praça do Rádio. “Assisti a um filme do Mizoguchi, ‘Contos da Lua Vaga’, no MIS que eu queria muito ver, porque eu assistia esses programas sobre cinema na TV e veio o interesse por este filme. Estas sessões aqui são de fundamental importância para a formação cultural, principalmente nessa época de intolerância e xenofobia em que vivemos. É importante para uma cidade como Campo Grande, que recebe várias culturas”.

O dentista aposentado Vitor Higa é neto de japoneses e relembra a época em que frequentava o Cine Santa Helena. “Nós vínhamos ao Santa Helena na rua Dom Aquino, sempre vinha o pessoal da colônia e a gente que era da cidade sempre frequentava. Vinha muito filme de samurai. Tinha um ator chamado Toshiro Mifune, ele sempre era o herói na época, fazia personagens de heróis famosos. Campo Grande nessa época era uma cidade pequena e esta era uma opção que nós tínhamos de lazer. Os filmes eram em preto-e-branco, legendados. Aqui no MIS é a primeira vez que venho. Nunca tive tempo, mas agora que aposentei, acho que a gente tem que curtir esses momentos”.

Vitor Higa – Foto: Karina Lima/FCMS

O casal Arnado Fujita, funcionário público aposentado, e Olga Mori, aposentada da Caixa Econômica Federal, ficaram sabendo da Mostra por matéria veiculada no jornal Correio do Estado, e como gostam de cinema, resolveram prestigiar. “A gente assiste no Netflix documentários e filmes sobre o Japão, mas nem sempre feitos por japoneses. Aqui no MIS é muito bom, interessante, o que se traz sempre é coisa de qualidade. O que mais nos admira na cultura japonesa é a ética, a educação, o respeito às pessoas e principalmente ao idoso, o conhecimento e experiência que o idoso tem são muito respeitados”.

A Mostra continua hoje com o filme “Sabor da Vida”, de Naomi Kawase. Na quinta e sexta-feira serão exibidos, respectivamente, “Depois da Chuva” e “Sob o Olhar do Mar”, ambos com roteiros inacabados deixados pelo cineasta japonês, falecido em 1998, e terminados por seus colegas de sua equipe de filmagem. As sessões começam sempre às 19 horas, com entrada franca O Museu da Imagem e do Som (MIS-MS) fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania (Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559). Mais informações pelo telefone (67) 3316-9178.

Fonte: Assessoria de Imprensa da FCMS

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