Dona Maria quer saber: quem é esse delegado da PF que protege o Aécio?

Foto: Divulgação

Dona Maria estava quase cega e surda.

Circulava desassossegada, por conta disso.

No ano passado, em julho, operou da catarata, no olho direito e, do olho esquerdo, em setembro. No mês de outubro, colocou aparelho auditivo.

Porque, agora, enxerga e está boa do ouvido, manhãs seguidas, Dona Maria vive a me telefonar.

Alô?

Desconfio que pretenda deixar explícito que tomemos muito cuidado com nossos atos de hoje em diante.

Eis um lado nada cerimonioso de Dona Maria, que a gente tinha apagado da memória: a de uma senhora humilde e generosa, porém, durona em momentos cruciais.

Voltara a se responsabilizar pelas rédeas do próprio destino?

Falou firme comigo, num dos interurbanos:

– Assumi de vez o comando do lar; vocês vão ver quem apita aqui.

Uma voz resoluta sacolejara os meus tímpanos.

Parece que em família numerosa (oito filhos, 29 netos, 13 bisnetos, dois tataranetos) todos querem palpitar. Nossa família: um grande Brasilzão!

Dona Maria diz que não tolerará mais desavenças ou intrigas em sua casa, iguais às que vinham ocorrendo, à sua revelia, há dezenove, vinte anos.

Longeva duração de infortúnio caseiro: do tamanho da teimosia de Dona Maria, de se livrar da cegueira e da surdez precoces.

Mas, Dona Maria abriu a porta das decisões (muitos de nós, no entanto, continuamos cegos e surdos).

A catarata, a medicina tratou de remover.

Depois das cirurgias nos olhos, Dona Maria passara a ver novamente a beleza que há no arrebol, aquela vermelhidão do sol a se pôr no horizonte fronteiriço da aconchegante Corumbá.

O aparelho auditivo de Dona Maria foi presente involuntário deixado por um amigo querido. Que faria 70 anos – Dona Maria completara 89 anos no dia primeiro daquele mesmo mês, véspera da fatídica data em que o amigo querido, para a nossa duradoura tristeza, desencantara em Londrina.

Pequenos ajustes naquela geringonça moderna, já permitem a Dona Maria vivenciar inúmeras cenas corriqueiras de sua cidade ribeirinha (como escutar, por exemplo, tibum, tibum, tibum!, após meninos travessos pularem de ponta nas doces águas do rio Paraguai), ou constatar a mesquinhez e a parcialidade dos noticiários jornalísticos brasileiros.

Por isso, desde meados da semana passada, Dona Maria quer resposta à pergunta que vive a lhe incomodar:

– Quem é esse delegado da Polícia Federal que o Aécio queria nomear para brecar as investigações da Lava Jato contra ele?

– Ah, Dona Maria: mude de canal e esquece; tudo leva a crer que a mídia, a PF e o Ministério Público Federal não se interessam por assuntos que não envolvam o Lula.

Por ora, é tudo o que consigo lhe responder.

http://schabibhany.blogspot.com.br/2018/04/dona-maria-quer-saber-quem-e-esse.html

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