Em clima de confraternização, Fico Surf Festival começa com muito surf e homenagens a ícones da história da modalidade

Evento na Praia do Tombo, em Guarujá, segue neste sábado, a partir das 8h.

Amaro Matos – Crédito: Silvia Winik

“Esse evento não é um festival, um campeonato, é uma união de famílias”. A frase do empresário Raphael Levy, o Fico, deu a dimensão do que está sendo o Fico Surf Festival, campeonato que tem nova edição depois de três décadas, agora com as disputas na Praia do Tombo, em Guarujá. A competição teve início nesta sexta-feira (30), com praia lotada, sol e ondas para divertir a galera.

Diferente das edições da década de 80, realizadas na Bahia, com foco no Brasileiro Profissional, a nova versão está reunindo surfistas legends da master e da longboard e os talentos da nova geração. O primeiro dia já contou com boas disputas e também foi marcada pelas homenagens a ícones da história da modalidade. Nomes que se destacaram como atletas e como empresários.

Tudo num clima de muita festa, de reencontros. Depois dos atletas da master entrarem no mar, entre eles alguns competidores que marcaram a história do surf brasileiro, como Paulo Matos, o primeiro campeão profissional, em 1987, Jojó de Olivença, bicampeão nacional e ex-WCT, as disputas nas ondas deram lugar às homenagens em frente ao Palanque Paulo Tendas.

Álvaro Bacana – Crédito: Silvia Winik

Foram reverenciados Taiu Bueno, Paulo Matos, Jorge Mula, Thyola, Álfio Lagnado e Hermínio Nadim (os dois últimos empresários que também colaboraram para a criação do Circuito Brasileiro, assim como Fico) e lembrados ‘in memoriam’ Paulo Tendas (ícone do surf), Sidney Tenucci, o Sidão, José Roberto Rangel e Fernando Rego (proprietários de marcas de surf também presentes na primeira edição do Circuito Brasileiro). O jornalista Reinaldo Andraus contou vários detalhes da época, mostrando aos presentes a importância de cada homenageado.

O encontro foi marcado por emoção e acompanhado por muitos jovens, que passaram a conhecer mais um pouco da história do surf. Visivelmente comovido, Fico enalteceu todos os homenageados, em especial a garra de Taiu, e a amizade com Alfio Lagnado, proprietário da Hang Loose e um responsável direto pela formação da chamada geração Brazilian Storm, tendo patrocinado Gabriel Medina e Adriano de Souza, os dois campeões mundiais, no início de suas carreiras.

“Foi ele que me incentivou a comprar uma prancha. A gente faz parte desse surf brasileiro, com nossa alma, nossa vontade, nossa experiência e é um orgulho grande poder homenagear o Álfio, não como empresário, mas como amigo. Ele é um dos mais importantes empresários até hoje e faz o surf brasileiro continuar bombando. Essa geração que está participando da WSL foi graças a esse cara. Ele abriu as portas”, destacou Fico.

Fico – Crédito: Silvia Winik

Álfio, por sua vez, retribuiu a gentileza do amigo, ressaltando o ambiente encontrado no Festival. “Muito legal ver um evento feito com tanta emoção, tanto carinho. Acho que cada um que está aqui sendo homenageado colocou um grão de areia no caminho que o surf brasileiro tomou”, disse.

“Hoje a gente tem dois campeões graças a todo mundo. Cada um contribuiu da sua forma. Se o surf chegou onde chegou é por todos nós. Nós plantamos a semente e agora estamos colhendo os frutos”, acrescentou o empresário. Ainda durante a solenidade, foi lançada a candidatura da Praia do Tombo, para o selo World Surfing Reserves, conferido às praias que protegem e preservam o ambiente costeiro, com foco na prática do surf.

O gerente de marketing da Fico, Augusto Saldanha, lembrou que o local já tem a chancela da Bandeira Azul e agora o foco é a projeção internacional. “O Tombo é um conhecido destino para os surfistas, já recebeu grandes eventos e o Fico Surf Festival quer evidenciar a importância dessa praia. É uma honra lançar essa candidatura envolvendo todos que estão aqui”, argumentou Augusto.

Amaro Matos – Crédito: Silvia Winik

De volta ao mar, a melhor performance do dia entre os masters, para surfistas dos 40 anos em diante, foi do maranhense Alvaro Bacana, marcando 16,50 pontos de 20 possíveis. Daniks Fischer, de São Vicente, e Amaro Matos, competindo em casa, também surfaram muito bem. Outras duas atuações esperadas eram de Paulo Matos e Jojó de Olivença. Paulinho avançou em primeiro em sua bateria e Jojó foi o segundo, atrás de Bacana.

O outro membro da família Matos, o mais velho, Neno, foi outro competidor que passou para o round 2. “Muito legal estar aqui. Tudo começou com esses eventos do Fico, o Sundek, o Town&Country, o Hang Loose, o OP, o Lightning Bolt. Esses caras foram responsáveis pelo surf estar onde está. Se hoje temos dois campeões mundiais e tantos destaques no WCT, é porque alguém plantou a semente, alguém acreditou”, falou Neno.

“A gente chega numa faixa etária da vida, que não está mais competindo. Está brincando. Óbvio que a competição está no sangue, mas o que a gente quer hoje é mostrar que está surfando bem. Fazer parte dessa festa é maravilhoso. Há anos que não competia, estou mais direcionado para ondas grandes, mas fiquei animado, voltei a treinar e vou competir mais”, falou o surfista de 57 anos.

Chico Paioli – Crédito: Silvia Winik

O caçula da família, Amaro, aos 52 anos, surfou muito bem, tanto na pranchinha quanto no longboard e também demonstrava felicidade. “A gente está se mantendo. O objetivo central é se manter. Competição faz bem, traz saúde, qualidade de vida. Competir com a família só mostra que eu, Paulo e Neno conseguimos nos manter. Estou bem feliz. Na minha opinião, este evento tem de ser uma tendência. Temos de dar valor que quem construiu a base”, destacou.

“Se hoje temos casas lindas, é porque teve uma base boa. É muito bom e importante resgatar a história”, complementou Amaro. Além dele, o evento contou com destaques na longboard, como Jaime Viúdes, com a melhor performance do dia, Marcelinho do Tombo, Neco Carbone, todos de Guarujá, novamente Daniks Fischer e legends como os irmãos Chico e Zé Paioli (este o mais velho do evento, aos 69 anos).

A nova geração também está muito bem representada, como Ryan Kainalo, sem dúvida, um dos principais talentos da novíssima geração que vem chegando. As disputas seguem neste sábado, a partir das 8 horas. O grande destaque do dia será a inédita categoria Pais e Filhos, reunindo algumas duplas boas, como Alex Miranda e Ryan Kainalo, Phillipe e Davi Glazer, Richard e Rodrigo Saldanha, Amaro e Derek Matos, Alfredo e Eric Bahia.

Paulo Matos – Crédito: Silvia Winik

O evento terá as finais no domingo e todas as baterias têm transmissão ao vivo pela internet, no link www.fpsurf.com.br/eventos/18/fsf/fsf01/aovivo3.php#myPage. Como incentivo, os campeões da master, longboard, mirim e iniciante ganharão passagens aéreas para o Peru, oferecidas pela Nivana e Fico. A premiação também conta com pranchas, troféus, medalhas e kits aos melhores do torneio.

O Fico Surf Festival 2018 tem apresentação de Grupo Lunelli, com patrocínios da Nivana Turismo, Casa Grande Hotel, Sucos Do Bem e Montevérgine. Apoios da Prefeitura Municipal de Guarujá, através das secretarias de Esportes e Lazer (Seela) e de Turismo (Setur), FuWax, NaJaca, Sabesp, Governo do Estado de São Paulo, Associação de Surf de Guarujá e Federação Paulista de Surf. Promoção das rádios 013 e Saudade FM, Waves, Surfland e Woohoo.

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