Boa notícia para quem tem esclerose múltipla

Após nova análise, Ministério da Saúde decide manter a betainterferona 1a de 30 mcg como primeira opção de tratamento.

São Paulo (SP) – Mais uma vitória para os pacientes de esclerose múltipla. O Ministério da Saúde, por meio da Portaria 44, de 19 de outubro de 2017, publicada no Diário Oficial da União em 20 de outubro de 2017, decidiu manter, sem restrição de uso para novos pacientes, o medicamento betainterferona 1a de 30 mcg, comercializado sob a marca Avonex®, disponível como terapia de plataforma na primeira linha de opção terapêutica para pacientes portadores de esclerose múltipla remitente recorrente (EMRR). A terapia é uma das mais prescritas para o tratamento da esclerose múltipla, está disponível em mais de 90 países e é utilizada por cerca de 260 mil pessoas em todo o mundo.

A decisão era aguardada pela comunidade médica e de pacientes. “Cada vez mais médicos analisam individualmente como a doença se apresenta para cada paciente e, partir daí, prescrevem o melhor medicamento. É importante ter um amplo arsenal terapêutico disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), para que o tratamento seja eficaz e atenda a necessidade do paciente, minimizando a progressão e o impacto da doença”, explica dr. Jefferson Becker, presidente executivo do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla.

A Biogen Brasil, empresa detentora da tecnologia, apresentou diversos estudos complementares sobre a betainterferona 1a ao Ministério da Saúde que demonstraram a eficácia na redução de surtos da doença, além de reduzir a velocidade de progressão da incapacidade dos pacientes. Revisões da literatura comprovam que a betainterferona 1a de 30 mcg tem eficácia comparável a todas as outras betainterferonas disponíveis hoje no SUS, com o benefício adicional de ser a única terapia de plataforma de administração semanal e intramuscular, o que representa um avanço na qualidade de vida do paciente. “Para nós, a manutenção do medicamento no SUS, de forma integral, representa o cuidado da Conitec em analisar profundamente as evidências científicas e os dados de vida real. Celebramos essa decisão e a vitória dos – pacientes que podem continuar contando com uma terapia reconhecidamente eficaz para o seu tratamento”, afirma Sameer Savkur, presidente da companhia.

Bastante preocupada à época da audiência pública, Sumaya Caldas Afif, representante da ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla), afirma que ficou muito feliz ao saber da manutenção do medicamento no protocolo sem restrição de uso. “Temos que incentivar a incorporação de novas tecnologias e medicamentos sempre. Retirar uma terapia ou restringir o seu acesso dificulta a vida dos portadores e representa um retrocesso no direito dos pacientes.”

Sobre a Esclerose Múltipla – A esclerose múltipla é uma doença neurológica de caráter inflamatório e neurodegenerativo. Está relacionada à destruição da mielina – membrana que envolve as fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos no cérebro, medula espinhal e nervos ópticos. A perda da mielina pode dificultar e até mesmo interromper a transmissão de impulsos. A inflamação pode atingir diferentes partes do sistema nervoso, provocando sintomas distintos, que podem ser leves ou severos, sem hora certa para aparecer. A esclerose múltipla geralmente surge sob a forma de surtos (sintomas neurológicos que duram ao menos um dia) recorrentes. A maioria dos pacientes diagnosticados são jovens, entre 20 e 40 anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente ativa do ser humano. A progressão, a severidade e a especificidade dos sintomas são imprevisíveis e variam de uma pessoa para outra. Algumas são minimamente afetadas pela doença, enquanto outras sofrem rápida progressão até a incapacidade total.

A doença de origem autoimune ainda não tem cura, mas as terapias atualmente disponíveis permitem controlar sua progressão, reduzindo a recorrência de surtos e aliviando os sintomas. O objetivo principal do tratamento é manter a doença estável. Os medicamentos, aliados ao suporte de uma equipe médica multidisciplinar e a um estilo de vida adaptado, permitem ao paciente conviver com a doença de forma controlada e manter a qualidade de vida.

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