Jubileu de Ouro da reunificação de Jerusalém: capital una e indivisível de Israel

Jornalista Ely Silveira em Jerusalém – Foto: Arquivo Pessoal

Nesta quarta-feira, 24 de maio (28 de iyar no calendário judaico), o Estado de Israel e judeus de todo mundo celebraram o Dia de Jerusalém (Yom Yerushalayim). Em 2017 o feriado ganha ainda mais significado, pois se comemora o jubileu de ouro da reunificação de Jerusalém. Há 50 anos, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel reconquistou a Cidade Velha e a Parte Oriental de Jerusalém, que estava sob domínio da Jordânia.

Durante o domínio jordaniano, entre os anos de 1949 e 1967, os judeus eram proibidos de entrar na Cidade Velha, onde se encontra o Kotel (Muro das Lamentações), local mais sagrado do judaísmo. Neste período, a Jordânia destruiu o bairro judaico, bem como as sinagogas existentes, expulsou os judeus, que moravam lá há séculos, também profanou o cemitério judaico, utilizando lápides de respeitados rabinos para calçamento e construção de latrinas, e transformou o Kotel num depósito de lixo, numa clara ofensa ao povo judeu.

É difícil para quem não conhece a cultura judaica, entender a real importância e significado da reunificação de Jerusalém, então vamos fazer um breve histórico.  Acredita-se que Jerusalém tenha sido fundada por volta do ano 2600 a.C por Sem (filho de Noé e antepassado de Abraão, patriarca dos judeus), nos séculos seguintes passou por várias dominações, até o Rei Davi conquistá-la em torno do ano 1000 a.C, quando passou a ser a capital dos judeus. No reinado de seu filho, Salomão, foi construído o Templo Sagrado no Monte Moriá, o Templo de Salomão, destruído no ano 586 a.C por Nabucodonosor II, da Babilônia. O Segundo Templo teve sua construção iniciada em 516 a.C e foi destruído pelo general romano Tito no ano de 70 d.C.

A conexão entre o povo judeu e a cidade de Jerusalém é um dos fatos mais bem documentados da história mundial. Em fontes judaicas tradicionais, a palavra Jerusalém é mencionada mais de 600 vezes, em pelo menos 140 vezes no Novo Testamento da Bíblia Cristã, mas nenhuma citação no muçulmano Corão. Mesmo no exílio, após as duas diásporas, os judeus nunca perderam Jerusalém como referência, sempre orando por ela e direcionado a ela. O sonho de voltar para casa, de novamente ter sua própria terra, não se restringia à criação do Estado de Israel, mas incluía Jerusalém, a cidade santa, como sua capital, única e indivisível.

Após o fim da segunda guerra, os judeus conquistaram o direito de retornar à Eretz Tzion (Terra de Sião), mas precisaram enfrentar a Guerra pela Independência, onde milagrosamente sobreviventes do Holocausto, debilitados, garantiram seu espaço contra seis exércitos árabes formados e preparados (Egito, Jordânia, Líbano, Síria, Iraque e Arábia Saudita), porém, a Jordânia anexou a parte Oriental da cidade de Jerusalém.

Menos de 20 anos depois, em 1967, o jovem Estado judeu foi atacado novamente por Egito, Jordânia, Síria e Iraque, que ainda tiveram o apoio de Kwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão. Com um novo milagre, Israel saiu vencedor, tendo encerrado a guerra em apenas seis dias, por isso ficou conhecida como Guerra dos Seis Dias. Nela, Israel conquistou as colinas de Golã (geograficamente importante na divisa com a Síria), o deserto do Sinai (devolvido ao Egito no acordo de paz de 1982), a faixa de Gaza, a Cisjordânia e a parte Oriental de Jerusalém.

Após a vitória, o general Moshe Dayan fez uma declaração radiofônica ao povo de Israel, comunicando a conquista de Jerusalém: “Nesta manhã, as Forças de Defesa de Israel libertaram Jerusalém. Nós reunificamos Jerusalém, a capital dividida de Israel. Voltamos para o mais santo dos nossos lugares sagrados e nunca mais seremos separados. Aos nossos vizinhos árabes, estenderemos agora a nossa mão em paz. E aos nossos concidadãos cristãos e muçulmanos, eu lhes prometo solenemente a plena liberdade religiosa e de direitos para todos. Nós não viemos a Jerusalém por causa dos lugares sagrados de outros povos, e não vamos interferir nas vidas dos fieis de outras religiões. Mas com o fim de salvaguardar a integridade desta cidade e de viver nela junto com os outros, em unidade”.

O clima de festa alastrou-se por todas as comunidades judaicas do mundo, o shofar tocado pela primeira vez em frente ao Kotel, após tantos anos, levou milhões de judeus às lágrimas! A reunificação de Jerusalém é muito mais que uma vitória militar ou política, é a concretização do sonho e da esperança, que permaneceram vivos no coração de um povo por vários séculos, juntamente com o Salmo 137 (Sentados na beira dos rios da Babilônia, chorávamos quando lembrávamos de Jerusalém…. Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria).

Após 50 anos, a conquista daquele 28 de iyar de 5727, ainda emociona o coração de todo judeu e renova a esperança de um futuro de paz. Judeus e simpatizantes de todo mundo oram pela paz de Jerusalém, seguindo o conselho do Rei Davi, no Salmo 122, “orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam. Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios. Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz esteja em ti. Por causa da casa do Senhor nosso Deus, buscarei o teu bem”. Shalom!

 

*Ely Silveira é jornalista e advogado

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