Corpos de passageiros da 3ª classe do Titanic foram jogados ao mar

Transatlântico Titanic – Foto: Wikimedia Commons

Telegramas descobertos recentemente e divulgados esta semana em Londres, na Inglaterra, mostram que mais de 100 corpos de passageiros da 3ª Classe do Titanic foram jogados ao mar para dar espaço aos corpos de passageiros da 1ª classe, após o naufrágio do navio.

Os documentos foram liberados agora pelo historiador americano Charles Haas. Eles foram trocados pelo capitão Frederick Larnder, no navio de resgate Mackay-Bennett, e a Companhia White Star Line, proprietária do Titanic.

O teor dos documentos havia sido escondido do público, da imprensa e das autoridades inglesas e norte-americanas. Os telegramas foram considerados comprometedores, podendo causar sérios danos à imagem da Companhia White Star Line.

A tripulação do navio de resgate Mackay-Bennett constatou que havia na embarcação 334 corpos, muito acima do limite máximo permitido e solicitação a empresa informações sobre o que fazer.

Diante da difícil decisão a diretoria da White Star Line determinou que a tripulação do navio selecionasse os corpos de passageiros da 2ª e 3ª classe para serem jogados no mar, preservando os corpos dos passageiros mais abastados, ou seja, os da 1ª classe.

Sobreviventes do naufrágio do Titanic antes de serem resgatados – Foto: Wikimedia Commons

Todos os corpos dos passageiros da 1ª classe foram então recuperados, embalsamados e entregues a seus familiares para que pudessem ser velados e sepultados dignamente.

Segundo os telegramas, dos 334 corpos recuperados no Mar do Atlântico Norte 116 foram jogados nas águas geladas, incluindo membros da tripulação do Titanic. Nos 181 telegramas descobertos, foi constatado também que os cadáveres foram separados por seus pertences e itens de valor pessoal encontrados, como dinheiro, joias, relógios, entre outros.

Um registro cuidadoso foi feito de todos as notas de dinheiro e valores encontrados nos corpos. Não seria melhor enterrar todos no mar a não ser que familiares solicitem que sejam preservados?“, perguntou o capitão Frederick em um dos telegramas.

Outras cartas e telegramas mostram ainda a preocupação dos funcionários da Companhia White Star Line em lidar com os corpos que chegavam quase que diariamente.

As operações de resgate dos restos mortais das vítimas do Titanic se encerraram oficialmente um mês após o naufrágio do transatlântico, ocorrido em maio de 1912.

Segundo o Jornal ‘Daily Mail’, os telegramas foram guardados por um funcionário da Empresa Cunard Line, que adquiriu a Companhia White Star Line em 1934. Os documentos foram repassados ao historiador Charles Haas 1980, que os analisou profundamente antes de divulgá-los.

A coleção se desenvolveu em um grande detalhe do quão difícil foi o processo após o naufrágio. Eles mostram abertamente o estresse imenso que estavam todos os envolvidos“, disse Charles Haas ao jornal.

Não era particularmente um navio grande e assim o capitão teve que tomar decisões difíceis quando ele foi confrontado com trazer 200 ou 300 corpos a bordo“, concluiu o historiador norte-americano.

Charles Haas disse ainda que a estrutura social da época era muito diferente da de hoje, motivo pelo qual não se pode condenar a decisão do capitão em jogar no mar os corpos dos passageiros da 3º classe.

O mundo era muito diferente em 1912, com classes bem definidas e pouco se refletia sobre priorizar uma pessoa rica em detrimento de uma pessoa pobre. Morta ou viva“, completou Charles Haas.

Com informações das Agências France Presse e Associated Press

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo