Para driblar entressafra produtor rural adere a técnicas de manejo de pastagem e assistência da Agraer

Foto: Divulgação

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Campo Grande (MS) – Em Dois Irmãos do Buriti, a 85 km da Capital, o pasto da propriedade do produtor rural Renato Fay é a prova de que com boa gestão é possível manter a qualidade e a quantidade do leite ordenhado, média de 126 litros/dia, mesmo no período do inverno. Fase mais fria do ano em que diminui as chuvas, na região Centro-Oeste e, consequentemente, reduz a qualidade do pasto e a alimentação do rebanho bovino em boa parte dos sítios e fazendas.

“Podemos definir o Renato como produtor-empresário, pois ele procura encarar a atividade como um negócio. Faz controles de rebanho, tem boa noção do custo de produção, quer remunerar o investimento realizado e está sempre com os olhos abertos para as novas tecnologias da pecuária leiteira. Além de estar sintonizado com as exigências do mercado”, conclui o zootecnista da Agraer, Yutaka Taniguchi.

Para isso Renato faz uso da distribuição de água de maneira artificial em pastagens, irrigação, o que garante a produção de leite dentro do esperado. Assim a escassez de chuva, conhecida vilã da na agricultura familiar, no inverno, não interfere nos índices de produtividade e de rentabilidade previamente estabelecidos pelo produtor.

Reforço nutricional

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Aliada a irrigação, Fay, também, encontrou outra saída para superar os obstáculos impostos pelo inverno: a técnica de sobressemeadura de aveia e azevém, na pastagem, que na propriedade é formada por capins das espécies Tifton e Jiggs. “A prática da semeadura possibilita alimento de alto valor nutritivo no período de inverno e isso reflete na hora da ordenha”, diz Renato.

De acordo com o zootecnista da Agraer de Dois Irmãos do Buriti, Yutaka Taniguchi, um dos profissionais que prestam assistência ao produtor, à técnica deve ser adotada com base em algumas observações. “Tem que ser levado em consideração à diferença fisiológica entre espécies de gramíneas tropical e temperada, as condições climáticas, a irrigação e o manejo”.

Daí a importância de um profissional da área de Ater – Assistência Técnica e Extensão Rural para acompanhar a escolha das culturas, o desenvolvimento das plantas e a adequação dos animais no pasto.

No pasto do produtor Renato Fay, por exemplo, são semeados 100 quilos por hectare de aveia branca e 50 quilos por hectare de azevém no primeiro frio do mês de maio, após o último pastejo. A área também é roçada bem baixa, cerca de 5centímetros. “Faço a semeadura a lanço, manualmente, e depois uso um trator com uma grade com rolo de madeira para compactar”, descreve o produtor.

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No dia após o plantio, a área é irrigada com 3,5 milímetros de água e depois segue o manejo normal recomendado, ou seja, 20 milímetros a cada seis dias. E com 35 dias após a germinação, o espaço está pronto para receber o rebanho para o pastejo –  acesso dos animais as gramíneas para alimentação direta.

Além da irrigação e da sobressemeadura, Renato, ainda, aderiu ao programa Leite Forte, e foi beneficiado com um kit de irrigação instalado em uma área de 1,28 hectares. Desse espaço foram montados 36 piquetes, 18 unidades de  340 m² cada, onde foi implantado o capim da espécie Jiggs e a outra metade  recebeu o capim Tifton, que ocupa 360 m² de cada piquete.

E com essa tecnologia e manejo adequado da área de pastagem o produtor mantém oito vacas, neste período do ano, com a produção diária de 126 litros em duas ordenhas diária. Além disso, Fay possui mais animais em produção seguindo o manejo tradicional.

Forrageiras de inverno

Sobressemear é estabelecer uma cultura anual de uma determinada espécie de forrageira em uma área já ocupada por outra cultura perene (permanente). Em resumo, não se elimina a cultura perene, espécie de capim que já se encontra implantada. Apenas aproveita o período do ano, inverno, em que ela está dormente ou fica pouco produtiva.

Uma forma de reforçar a qualidade nutricional do pasto aos animais que se alimentam ali. Nestes casos, as forrageiras de inverno são viáveis porque, mesmo se irrigadas, as espécies de verão tendem a produzir pouco entre abril e setembro, outono e inverno. Assim, abrem-se as chamadas “janelas”, ou seja, o desenvolvimento das gramíneas de verão não compete diretamente com as espécies de inverno.

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