Stéphanie Ferreira: Participante do CNA Jovem fala sobre sua trajetória pessoal e profissional

Stéphanie Ferreira, representante do Mato Grosso do Sul no CNA Jovem – Foto: Divulgação

Stéphanie Ferreira, representante do Mato Grosso do Sul no CNA Jovem – Foto: Divulgação

Com 23 anos e construindo uma bagagem de conhecimentos pessoais e técnicos, Stéphanie Ferreira é a representante feminina do Mato Grosso do Sul no CNA Jovem – Etapa Nacional. Ela é natural de Três Lagoas e representante do Sindicato Rural de Brasilândia. Conheça um pouco mais sobre a jovem que está a caminho da aprendizagem sobre liderança rural.

Sistema Famasul – Conte um pouco sobre você, sobre a sua trajetória profissional e pessoal:

Pertenço à quinta geração de uma família de produtores rurais da região de Brasilândia que sempre se dedicaram à pecuária de corte e, pra mim, a tradução disso se resume à palavra responsabilidade, pois é o único trabalho que sabemos fazer, são muitos os desafios que temos para seguir em frente e precisamos lembrar o quanto essa atividade tem importância mesmo pra quem não trabalha diretamente com ela.

Entretanto, essa visão veio só depois da faculdade. Mesmo convivendo com pessoas ligadas ao meio rural, não entendia nada sobre produzir, a única certeza era que gostava muito daquele ambiente e toda a minha família dependia dele. Só depois que comecei o curso de Engenharia Agronômica, na ESALQ, percebi que haviam muitos mundos diferentes do meu e opiniões que se contradiziam. Então, passei a me interessar mais pelo que significava o setor agro brasileiro e o que ele enfrentava.

Sistema Famasul – Quando você diz que haviam muitos mundos diferentes do seu, o que você exatamente quer dizer sobre isso?

Comecei a entender que eram realidades e percepções diferentes da minha. As opiniões quase sempre divergiam e fui aprendendo que isso acontece muitas vezes no agro. Durante a faculdade, convivendo com todos esses mundos diferentes do meu, eu entendi o tamanho da responsabilidade da minha profissão e do setor agropecuário brasileiro, também passei a reparar nas dificuldades e no que podemos fazer para avançar.

Percebi que precisamos que a sociedade enxergue além do marketing negativo que há sobre nós para ver o quanto estamos evoluindo, produzindo mais, preservando mais, nos alinhando com a sustentabilidade. Passei a ter vontade de atuar de forma mais incisiva, de estudar, de falar, de agir e de discutir, de forma positiva, com outras pessoas e contribuir de alguma forma com o setor e com as atividades da minha família.

Sistema Famasul – Conta um pouco da história da sua família.

Eu descendo de mineiros, goianos, gaúchos e indígenas que naquela época eram pegos a laço pelos colonizadores. Meus tataravôs vieram para cá na época em que essa região estava começando a ser habitada e todos passaram a construir famílias e um legado, sempre através do que a terra podia dar. Meu avô conta que quando seus pais se deslocaram para essa região tinham apenas um couro de boi que servia como tenda e o início de tudo não foi fácil. Eles se instalaram na beira do córrego, dedicaram muito no trabalho e a noite ainda tinham que espantar os lobos que vinham comer o que sobrava do jantar. Esses meus bisavôs tiveram oito filhos e a partir daí vieram as sucessões e divisões de terra. Meus avós maternos tiveram mais quatro filhos e minha mãe, mais dois. Essa mesma terra teve e tem que produzir até hoje para criar todas essas gerações e as próximas que virão. Aí entra a tal da produtividade, que é um conceito que aprendi e tento levar para a minha família, porque precisamos pensar no futuro.

Sistema Famasul – Como foi o chamado para o CNA Jovem – Etapa Estadual?

Quando eu me formei, mesmo já tendo o interesse de querer fazer as coisas acontecerem no agro, eu não sabia por onde começar e tinha que pensar primeiro em trabalhar. Fui conversar um dia com um grande amigo da família e produtor na região, Renato Queiróz, que me chamou para ajudá-lo na recuperação das pastagens da sua fazenda.

Este foi o início de uma jornada de troca de experiências, muito aprendizado e a definição de que era aquilo que eu gostava de fazer. Na época, ele era o presidente do sindicato e começou a me aproximar de todo o sistema e da representatividade rural. O filho dele, Marcelo, participou da primeira edição do programa, e me incentivou a participar também. Então, as coisas foram acontecendo, unindo o que era útil ao agradável.

Antes do CNA Jovem, eu era extremamente tímida e muito quieta. Tive que me policiar para mudar algumas características minhas e melhorar minhas atitudes. Foi a etapa estadual me deu um sentido, me fortaleceu e mostrou que eu não era a única neste caminho. Nós formamos uma família, somando forças e dando apoio para seguir em frente.

De lá surgiu o meu projeto de cadastramento de propriedades rurais pelo sindicato rural, porque passei a acreditar muito na sua força de atuação e em tentar mostrar para o produtor que o sindicato está lá com o objetivo de nos ajudar. A ideia é coletar informações nos âmbitos social, produtivo e físico de cada propriedade rural da região de atuação do sindicato para construir uma base de dados em um sistema computacional.  Essa base de dados que vai nortear a tomada de decisões do sindicato de forma objetiva e racional para que as suas ações sejam direcionadas em enfrentar os desafios e criar as oportunidades para os produtores da região.

Sistema Famasul – Você é a representante feminina de Mato Grosso do Sul no CNA Jovem. Qual a sua percepção sobre isso e sobre a ascensão da mulher na agropecuária?

Eu vejo como uma conquista do setor agropecuário, inegável e irrevogável. Algumas pessoas precisam se adaptar e aceitar melhor isso. Este cenário veio para ficar. Acredito que independente de ser mulher ou homem, o que importa é a vontade de contribuir com o agronegócio de alguma forma. Conheço muitas mulheres do setor que me inspiram e chega a ser engraçado imaginar que ainda temos preconceito.

Sistema Famasul – Qual sua expectativa com o CNA Jovem Nacional?

Já começou superando minhas expectativas e eu sou muito grata por poder fazer parte disso. Participar de um grupo tão heterogêneo acrescenta muito conhecimento e abre novos horizontes. Ao mesmo tempo em que existem muitas realidades diferentes, alguns dos desafios e oportunidades são os mesmos para todo o setor agropecuário brasileiro. Além disso, conviver com pessoas interessadas e pró-ativas, que se dedicam ao agro, incentiva e fortalece para ir atrás do que queremos. A nossa integração é fundamental. Nessa etapa estamos nos preparando para partir em busca de ações positivas e eficientes para o agro.

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