Ibama questiona Volkswagen se Amarok Brasileira fraudou Emissões

Montadora tem até o final de outubro para prestar esclarecimentos sobre motor 2.0 turbodiesel da picape feita no Brasil

Volkswagen Amarok (Foto: Pedro Danthas/Volkswagen)

Volkswagen Amarok (Foto: Pedro Danthas/Volkswagen)

O Ibama pediu informações à Volkswagen do Brasil para saber se a montadora vendeu no país carros equipados com o dispositivo que frauda emissões de poluentes. A notificação foi enviada último dia 25 de setembro e a montadora tem até o final de outubro para responder. Fontes ligadas à investigação informaram que a Volkswagen confirmou o recebimento da notificação.

No documento, obtido pela Revista Autoesporte e assinado pela diretora do Ibama, Ana Cristina Rangel Henney, o órgão explica que “a Resolução CONAMA nº 230/1997 proíbe o uso de equipamentos que possam reduzir a eficácia do controle de emissão de poluentes e ruído”. Por isso, baseado em reportagens publicadas na imprensa a respeito de fraude semelhante em outros mercados, questiona a Volkswagen do Brasil “se houve a produção ou comercialização no Brasil de veículos contendo algum item de ação indesejável, nos mesmos moldes dos dispositivos encontrados nos veículos comercializados nos Estados Unidos da América”.

Volkswagen Amarok (Foto: Pedro Danthas/Volkswagen)

Volkswagen Amarok (Foto: Pedro Danthas/Volkswagen)

Em outra nota, o Ibama já havia se pronunciado sobre o escândalo internacional de fraudes nas emissões de carros da montadora alemã. No texto, o órgão classificou o caso como “gravíssimo” e explicou que, caso a fraude tenha atingido o Brasil, a montadora poderia ser multada em até R$ 50 milhões. Além disso, “todos os veículos que eventualmente tenham sido submetidos à alteração no software” teriam que ser corrigidos.

Conforme cita o Ibama na nota oficial, os veículos fraudados no mercado norte-americano são equipados com motor diesel de quatro cilindros e foram vendidos entre 2009 a 2015. Durante esse período, o único veículo ou comercial leve vendido pela Volkswagen no mercado brasileiro com características semelhantes é a picape Amarok. Ela é vendida em versões com motores 2.0 turbodiesel de 140 cv ou 2.0 biturbo a diesel de 180 cv. Os preços variam de R$ 106.990 a R$ 158.990, sem opcionais.

Não há prazo máximo para que o Ibama encerre o processo com a conclusão sobre o caso, já que a fiscalização do instituto pode ser acionada para dar prosseguimento à investigação caso a empresa não preste os esclarecimentos solicitados.

A assessoria de imprensa da Volkswagen do Brasil não respondeu aos questionamentos da Autoesporte sobre o caso até a publicação desta nota.

Entenda o caso

A troca de cadeiras no comando do grupo Volkswagen acontece como consequência de um grande escândalo global. O caso veio à tona na semana passada, quando a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos divulgou um relatório em que acusava a Volkswagen de ter fraudado testes de emissões de poluentes em carros com motores 2.0 diesel. O órgão explicou que os carros eram equipados com dispositivos que diminuíam a quantidade de poluentes emitidos pelo motor somente durante os testes feitos pelas autoridades. Assim, os carros emitiam de 10 a 40 vezes mais poluentes quando dirigidos normalmente do que os valores oficialmente divulgados.

Essa teria sido a estratégia do grupo para conseguir inserir seus carros a diesel em mercados como o europeu e o norte-americano. Ambos são reconhecidos pelas rigorosas exigências para que as montadoras produzam motores cada vez menos poluentes. A crise é tão grave que levou o CEO do grupo, Martin Winterkorn, a renunciar ao cargo. O grupo anunciou que destinará 6,5 bilhões de euros para consertar os problemas envolvidos na fraude. Somente com multas nos Estados Unidos, a companhia deve ter que desembolsar ao menos 18 bilhões de dólares.

O único modelo diesel vendido pela Volkswagen no Brasil é a picape Amarok. Por enquanto, a montadora não confirmou se o carro também está envolvido na fraude. Segundo o jornal Detroit News, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos decidiu ampliar as investigações sobre os motores do grupo. A intenção do órgão seria descobrir se também houve manipulações nos motores 3.0 turbodiesel.

Fonte: Revista Autoesporte

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