Incêndios em áreas de pastagem eleva focos 491% em comparação a agosto de 2014

Foto: Divulgação

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Campo Grande (MS) – A baixa umidade do ar, a vegetação seca e o período de estiagem, de julho a setembro, são uma combinação perfeita para o aumento do risco de queimadas e incêndios em áreas de pastagens. Preocupada com a saúde e segurança de produção dentro das propriedades rurais de Mato Grosso do Sul, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) alerta agricultores e pecuaristas a evitarem a prática de queimadas na limpeza do solo para preparo de plantio ou formação de pasto.

Conforme dados divulgados pelo PrevFogo do Ibama, somente na primeira quinzena de agosto, o sistema inteligente de monitoramento da Instituição registrou um aumento de 491% focos de incêndio se comparado ao mesmo período do ano passado. O que em número representa 727 pontos de calor identificados só neste mês de 2015, contra 123 em 2014.

De olho nesse índice alarmante, a Agraer recomenda os produtores rurais a adotarem outras tecnologias no lugar das queimadas durante essa fase do ano, inverno, em que as chuvas são mais escassas. “Técnicas de compostagem, adubação verde, cilagem, fornecimento de alimentação complementar para o gado como a cana-de açúcar e a manutenção de aceiros são meios de seguros para o produtor optar ao invés das queimadas nesse tempo seco”, observa o engenheiro florestal da Agraer, Antônio Flores.

Os aceiros compreendem uma faixa de terra com a finalidade de proteger a pastagem das bitucas de cigarros e outros potencializadores de incêndios. “É uma área livre, limpa, de terra batida mesmo, ao longo das cercas, divisas ou da área de queimada para evitar a passagem do fogo em áreas de vegetação na propriedade”, esclarece o engenheiro.

Durante esse período de seca, outro ponto de atenção ressaltado pela Agraer é quanto a normativa que, anualmente, proíbe a queima controlada no período de 1º de agosto a 30 de setembro. Nas áreas do Bioma do Pantanal, o prazo de estende até o dia 31 de outubro.

A resolução é de 8 de agosto de 2014, proferida em conjunto entre o Ibama e a Semade (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico). A orientação é que os produtores fiquem atentos quanto a regulamentação vigente para que não sejam notificados por irregularidades no manejo do solo.

Ecossistema em alerta

Este ano, as cidades da Bacia do Pantanal são as que apresentaram os índices mais alarmantes, segundo o ecólogo e coordenador estadual do PrevFogo do Ibama, Alexandre de Matos. “Essa região representa cerca de 75 a 80% de todos os focos registrados no Estado. Além do tempo seco, também tivemos nessa região o período de cheia do Rio Paraguai, que este ano foi de menor proporção e em um curto prazo de tempo. Somado tudo isso, temos um ambiente propicio para os incêndios”, alerta.

De janeiro a agosto de 2015, já foram registrados 2.086 focos de incêndio em todo o território sul-mato-grossense.  No ano passado, o sistema registrou apenas 1.030 casos. O valor desses últimos oito meses corresponde a 83% de todos os casos registrados em 2014, que foi de 2.439 focos de janeiro a dezembro.

Por conta dos 2.086 casos já registrados só este mês, o ano de 2015 já é considerado o terceiro ano com maior foco de incêndios no mês de agosto, dos últimos seis anos, perdendo apenas para 2012 em que houve o monitoramento de 1.548 focos e 2010 que notificou 515 casos.

No ranking de municípios, Corumbá é a cidade que apresenta o maior número de registros até o momento, com 980 casos. Em seguida vem Aquidauana, Porto Murtinho, Miranda e Costa Rica, respectivamente, com 190, 80, 55 e 45 focos de calor rastreados. A Capital ocupa a 13º colocação nesse quadro, com 22 registros.  “Com certeza vamos ultrapassar o valor do ano passado, no ritmo que estamos seguindo. Por isso a necessidade de bons hábitos por parte das pessoas que moram ou que estejam de passagem pelas áreas rurais para evitar novas ocorrências”, afirma Alexandre.

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