“Atuação do Cimi é confusa”, aponta cacique de MS

Foto: Wagner Guimarães /ALMS

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Em depoimento à CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – que investiga se o CIMI – Conselho Indigenista Missionário tem incitado ou financiado invasões indígenas em Mato Grosso do Sul, o cacique da aldeia Ipegue, Ramiro Luiz Mendes, declarou que considera confuso o trabalho do Cimi nas aldeias e questiona a atuação do advogado da instituição, Luiz Eloy. O depoimento foi feito nesta segunda-feira (25), durante sessão na Assembleia Legislativa.

“Enquanto cacique não sou contra a retomada das terras. Sou militante da retomada, mas desde que seja feita a vontade do povo e não sendo algo insuflado por promessas vazias do Cimi para a comunidade indígena”, disse Ramiro. O cacique alega que a entidade prometeu projetos em benefício aos indígenas caso houvesse retomadas no Estado.

Ramiro apontou o indígena Luiz Eloy, assessor do Cimi, como um dos responsáveis por tentar incitar os índios a invasões de terras. “Somos maduros o suficiente para decidir o que queremos, mas confirmo que Eloy, que acompanhava os movimentos, buscava apenas o benefício próprio. Nossa intenção sempre foi brigar pelas terras que haviam sido apontadas pelo estudo antropológico da Funai, porém Eloy ultrapassou os estudos, inserindo outras áreas. Eloy é `crioulo do Cimi` e fez tudo ao contrário do que nossas lideranças desejavam. Isso, depois de conseguir conquistar a confiança dos nossos caciques”, lamentou o cacique.

Questionado sobre a atuação do Conselho Terena, o cacique afirmou que o mesmo não representa a defesa dos anseios da população indígena. “O Conselho é comandado por algumas pessoas e os caciques não tem mais vínculo, tanto que os caciques protocolaram documento no Ministério Público e a Polícia Federal documento questionando a legalidade de representatividade desse conselho”, disse.

Sobre a indicação de Lindomar Ferreira para a coordenação do DSEI – Distrito Sanitário Especial Indígena, Ramiro foi categórico ao dizer que a nomeação foi feita a partir de indicação apoiada pelo Cimi e pelos parlamentares Zeca do PT e Vander Loubet. “Se tivesse sido consultado junto aos caciques, teríamos recusado”, finalizou.

Lindomar, primeiro depoente a falar na sessão desta segunda, afirmou que sua escolha partiu das lideranças das aldeias, mas confirmou o apoio do parlamentar Zeca do PT. Sobre o custeio de suas viagens internacionais, em eventos de debate sobre a situação indígena no mundo, embora alegando nenhum vínculo com o Cimi, Lindomar confessou que contou com investimentos do Cimi. Participante do Conselho Terena, Lindomar afirmou que o conselho não conta com financiamento de nenhuma entidade e que sua organização depende apenas dos esforços de cada componente. Sabatinado, Lindomar, por fim, acrescentou que o Conselho busca parcerias de entidades e que mesmo o Cimi jå apoiou o conselho com recursos. Questionado pela deputada Mara Caseiro sobre a atuação do Cimi em sua aldeia, Lindomar limitou-se em dizer que não conseguia responder.

Outro depoente que questionou a atuação do Cimi e de seu advogado Luiz Eloy, foi o terena Mauro Paes. Natural da aldeia de Bananal e atualmente cacique representante das 49 famílias que moram hoje na Fazenda Esperança, em Aquidauana. “Lamentamos a postura do Eloy que até tentou me destituir como cacique. São atitudes que tem dividido nossos índios. Eu não trabalho pensando no individual e por isso o povo indígena confia em mim”, disse. Mauro também afirmou que o Conselho Terena, e mesmo o indígena Lindomar, não representam a maioria. “Participei de um Fórum em Anastácio, com 44 caciques, e tenho certeza que Lindomar não conta com o apoio da maioria”, pontuou. O indígena Enedino da Silva, da aldeia Bananal, também depois durante a sessão da CPI e confirmou a afirmação de Mauro Paes. “O Conselho Terena não representa o desejo da população. Quem está no conselho hoje está ligado ao Cimi”, denuncia. Os indígenas Flavio Machado, Wanderley Dias Cardoso, Michael Mary Nolan e Joana Ortiz, além de Rogerio Batalha, não foram encontrados para depor.

A CPI do Cimi é composta ainda pela presidente, deputada Mara Caseiro; o vice-presidente, deputado Marquinhos Trad; e o relator, deputado Paulo Corrêa (PR). Também são membros da comissão os deputados Onevan de Matos (PSDB) e Pedro Kemp (PT).

Com informações da Assessoria de Imprensa da Aprosoja MS / Cimi  

Fonte: Sato Comunicação

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