Link Off e Falange da Rima abalam as estruturas da Concha Acústica Helena Meirelles neste domingo

Banda Falange da Rima – Foto: Daniel Reino/FCMS

Campo Grande (MS) – O primeiro show do projeto Som da Concha deste ano, que aconteceu neste domingo na Concha Acústica Helena Meirelles, trouxe muitos espectadores pela primeira vez e também já veteranos amantes de música eletrônica e rap. O público lotou as arquibancadas para ver o industrial do Link Off e o rap da periferia do Falange da Rima.

Os estudantes e amigos Juliana Costa, 15 anos, Pedro Gaioso, 17 anos, e Laila Galli, 15 anos, participaram neste domingo do primeiro Som da Concha de suas vidas. Juliana é de Bela Vista, Pedro, de Bonito e Laila, de Goiânia, mas todos agora moram em Campo Grande. “Estamos no Parque desde uma da tarde e descobrimos que ia ter show aqui. Ficamos sabendo hoje que sempre tem atrações por aqui. É importante ter esses eventos para estimular a cultura. Agora que sabemos dos shows pretendemos vir todo domingo para cá, vai virar rotina o Som da Concha para nós”.

Banda Link Off – Foto: Daniel Reino/FCMS

O grupo estava tentando vender picolés no parque. “Não conseguimos vender nada, nossos picolés derreteram e acabamos comendo tudo para não perder”. Juliana curte sertanejo, música internacional e eletrônica e ia comprar um skate e fazer uma tatuagem com o dinheiro dos picolés. Pedro é eclético e gosta muito de rap, Laila ouve de tudo. O Som da Concha procura contemplar diversos estilos musicais, e os amigos vão poder curtir diferentes estilos nas próximas edições e quem sabe tenham mais sorte na venda dos picolés.

Jeaison Tavares, que trabalha em frigorífico, seu filho de sete anos Guilherme Tavares e sua esposa, a auxiliar de produção Priscila Medina da Silva, vieram com o amigo Jorge Mendonça, mais conhecido como Gnomo, grafiteiro, supervisor de saúde pública e professor de História, para prestigiar o Falange da Rima. O casal e o filho vieram pela primeira vez no Som da Concha, mas Jorge já é frequentador antigo. Ele “entrou” no grafite por orientação do DJ Magrão. “O Magrão trabalhava na Crash loja de skate, eu era cliente e amigo dele. Ele viu meus desenhos e começou a me apresentar pros grafiteiros”, diz Jorge.

Público no Som da Concha em Campo Grande (MS) – Foto: Daniel Reino/FCMS

Para Jeaison e sua esposa e para o amigo Jorge, projetos como o Som da Concha são importantes para fomentar a cultura do Estado. “Culturalmente, o projeto é essencial para mostrar a nossa música para todo o Estado. Aqui também tem talento, tem força cultural. Temos que valorizar o que é nosso!”

As irmãs Araci Dandara Santana, estudante, e Nádia Santana, funcionária pública, que levou sua filha Naiara para o Som da Concha, vieram prestigiar o Falange da Rima. “Nós sempre curtimos o grupo pelo facebook. Estávamos jogando frescobol no parque, ficamos sabendo do show e viemos. As letras do Falange expressam muito a realidade e a opinião dos próprios artistas”, diz Araci.

As irmãs foram pela primeira vez no Som da Concha. “A gente sabia que tinha, mas é a primeira vez que viemos. Temos interesse em continuar vindo, é de graça. É importante ter estes shows, o povo pode ter acesso à cultura por meio desse projeto”, afirma Nádia.

Artistas do Movimento Sarobá – Foto: Daniel Reino/FCMS

Todos esses espectadores puderam curtir o show de abertura com Link Off, formado pelo produtor, programador, tecladista e vocal Marino Filho. Ele explicou ao público que o gênero industrial surgiu no fim dos anos 1970, ao usar equipamentos da indústria como percussão para fazer música. “Depois foram agregados sintetizadores à música. Nos anos 1980 surgiram mais bandas do gênero e em 1990 foi o ápice dessa linha de som. Eu faço um som que dá para ser aceito, coloco ‘beats’ dançantes, é um gênero bem experimental”.

Para Marino, fazer o show de abertura do primeiro Som da Concha de 2018 foi “legal pra caramba”. “Muito bacana, é como se fosse o início de tudo, nunca tinha tocado aqui. É um projeto bem bacana, todo mundo tem que ter acesso. Às vezes tem bastante coisa rolando aí e o pessoal não conhece. Esse projeto tem que continuar”.

O som do Falange da Rima, segunda atração da noite, levantou o público das arquibancadas. A maioria já conhecia as letras das músicas e ajudaram com o côro, acompanhando Flynt, John Geral, Mano Xis e Mano Cley, sobre o Beat de DJ Magão. O grupo contou aos presentes que o Falange começou junto com “os caras” do [bairro] José Abrão há muito tempo. “Em 1984 conhecemos o ‘break’ pela televisão. A gente molhava o chão de sabão para fazer os passinhos. Daí o rap aconteceu rapidamente, quando a gente viu, estava cantando. O rap sempre foi resistência, está aqui desde 1990. A gente melhorou muito depois da internet, o hip hop cresceu muito. Aos que saíram de casa para ver a gente neste domingo, nosso muito obrigado”.

Artista plástica Marilena Grolli – Foto: Daniel Reino/FCMS

O show foi permeado pela performance de artistas do movimento Sarobá e pela artista visual Marilena Grolli, que fez um grafite ao vivo. “Eu não pensei em tema, senti na hora e fiz. Associei a música à forma mais expressionista, sentindo a música, mas o persona é meu. Estou aqui a convite do Falange, porque eles estão fazendo 20 anos e admiram meu trabalho, somos parceiros de projetos na periferia”, diz Grolli.

O Falange da Rima encerrou o show com agradecimento pela oportunidade de se apresentar no Som da Concha. “Obrigada à Fundação de Cultura, que promoveu este evento e ajuda a fomentar o rap campo-grandense”. Para o grupo, é uma satisfação iniciar a temporada 2018 do Som da Concha. “É a maior satisfação para nós, era para ser o Dino Rocha, mas por causa da chuva o show foi cancelado e nós acabamos abrindo os shows deste ano. A gente representa o povo da periferia, a ‘galera’ compareceu, deu tudo certo”.

O próximo Som da Concha vai ser no dia 8 de abril, com Tom Alves e Gilson Espíndola. Os shows acontecem sempre às 18 horas, na Concha Acústica Helena Meirelles, com entrada franca. Coloque na sua agenda e venha prestigiar a boa música sul-mato-grossense!

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