Rioverdense Thais Fruguli, a Jovem Boiadeira de Comitiva que segue os passos do pai

Foto: Divulgação

Desde muito cedo, a vida ensinou à rio-verdense, Thais Fruguli dos Santos, a dedicação necessária para que o trabalho com gado, se transformasse numa verdadeira paixão para ela. Acordar cedo, arrumar a traia e viajar dias e dias num cavalo, com a comitiva em viagens pelo estradão foram tarefas abraçadas pela jovem Thais. Em sua mala, ela conta que leva rede, mosquiteiro, coberta, roupa e a certeza que amanhã bem cedo estará rumo a outro lugar.

Thais Fruguli dos Santos, 24 anos, nasceu em Rio Verde, filha de Juares Balbino dos Santos e Maria de Fatima da Silva Fruguli dos Santos e já sabia que a lida na comitiva não era nada comum para mulheres, mas ao lado do pai, o condutor Juarez, há 21 anos na lida, ela sempre encontrou a segurança que precisava.

Thais, nos conta com sorriso que sua primeira viagem foi em 12 de dezembro de 2012. “Me lembro bem da data porque foi quando saiu aquele boato que o mundo iria acabar… kkkk’, sorri ela ao final.

Ela nos conta que já viajou longas distâncias a cavalo, como culatreira, que vai à retaguarda da boiada levando de volta as rezes desgarradas, conduzindo a boiada pelo estradão. A viajem mais longa que ela participou foi de 22 dias, uma ponta com 400 cabeças de gado e outra de 300 cabeças.

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“Sou neta de pantaneiro, sempre convivi com a lida de campo e eu faço isso com amor, com paixão”, diz Thais. Única mulher entre muitos homens, ela conta que a abordagem era muito curiosa. “Os peões sempre me trataram com respeito e achavam muito interessante, pois era difícil mulher em comitiva.

A lida diária no campo sempre foi vista por Thais como um prazer, e nunca como obrigação. “Trabalhava naquilo com gosto, com garra mesmo. Tinha dia que eu não tinha vontade nem de estudar, eu tinha vontade só de mexer com gado. É paixão mesmo, tanto que até hoje eu mexo com comitiva.”

A conduta séria do pai, que muitas vezes chegava a ficar até 40 dias fora de casa conduzindo grandes rebanhos pelo país, marca o respeito que tem. Meu pai tem verdadeira paixão em mexer com boi. Eu herdei isso dele.” Disse ela.

COMITIVA

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A vida desses “peões de boiadeiro” nas estradas rurais, conhecidas como “estradões”, segue uma rígida rotina de trabalho sujeita a todo tipo de surpresa e improviso.

Os peões de fazendas transportam várias boiadas até os pastos úmidos do Pantanal. A comitiva é formada pelo ponteiro, peão experiente e conhecedor das estradas, que vai à frente tocando o berrante, nos momentos apropriados, para atrair, estimular a marcha ou acalmar o gado e dar sinais para os demais peões; pelos rebatedores, peões que cercam o gado, impedindo que se espalhem e pelos culatreiros que vão à retaguarda da boiada levando de volta as rezes desgarradas. Os peões da “culatra manca” ficam para trás tocando os bois que têm problemas para acompanhar a marcha da boiada, por cansaço, ferimento ou doença. O cozinheiro sai mais cedo que os demais integrantes da comitiva, conduzindo os burros cargueiros com suas bruacas, nas quais leva os mantimentos e tralhas de cozinha, até encontrar um rio em cuja margem prepara a refeição, ou seja, “queimar o alho”.

Nas paradas, os peões matam a sede, com tereré, e a fome com arroz de carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne feita no pilão e carne assada no “folhão” (chapa). No dia seguinte, o berranteiro avisa que é hora de comer poeira na estrada. Os animais terão que atravessar vários obstáculos. Nas paradas, o descanso acontece no pasto, de preferência perto de água. Nos dias seguintes, a aventura continua até chegar ao destino.

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